quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A afinação da luz e o boi de piranha


Teste de luz no Teatro Municipal do Rio de Janeiro (2005)
 Quem já fez sabe que conduzir um teste de luz (ou afinação, se você não teme as gozações) na presença do cliente é uma tragédia grega. A ansiedade dele pode ser a sua desgraça. Lembre-se que a primeira imagem é a que fica, principalmente para quem está pagando; portanto nada deste negócio de mostrar obra "em processo". A não ser que você seja masoquista.
Fazendo seus testes na alta madrugada, no máximo você terá que escutar as sugestões de mendigos, damas da noite, "damas de paus" e taxistas. Muitas vezes sensatas.
Louis Khan, o gurú do meu gurú, resume este tipo de risco na frase célebre: "o elefante é um cavalo desenhado por uma comissão".
Agora, se estupro for inevitável, antes de relaxar, como último recurso, recorra ao boi de piranha. Sacrifique propositalmente uma vaca velha a quem lhe paga e escute atenciosamente as ponderações de seu cliente. Reconheça que sem as contribuições dele o resultado ficaria irremediavelmente comprometido. Ele vai ficar feliz e vai deixar você trabalhar em paz.
Contornar tais situações deveria ser cobrado, minimamente, como hora de terapia lacaniana. -"Por hoje paramos por aqui. São 300 reais".

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